Gestao Ambiental
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Fórum do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental da Universidade Presidente Antônio Carlos, campus Belo Oriente.
 
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 Mediterrâneo e Chaparral/Caatinga

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cynthiaecharles




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MensagemAssunto: Mediterrâneo e Chaparral/Caatinga   Mediterrâneo e Chaparral/Caatinga EmptySex Mar 14, 2008 1:29 pm

BIOMA CAATINGA

1. Introdução
Para falar do Bioma Caatinga antes de mais nada há que se despir de alguns preconceitos, principalmente daqueles relacionados aos aspectos da pobreza paisagística e da biodiversidade, características adotadas por quem desconhece a riqueza e importância da "Mata Braça" (em tupi-guarani, caatinga significa mata(caa);branca, clara ou rala (tinga).

Embora a diversidade de plantas e animais em ambientes áridos e semi-aridos seja menor que nas luxuriantes florestas tropicais, os desertos apresentam plantas e animais adaptados a suas condições extremas, o que os torna ambientes com alta taxa de endemismos de fauna e flora.
No Brasil, não existem desertos, mas uma região semi-árida, com características e espécies únicas. A Caatinga é o único bioma restrito ao território brasileiro, ocupando basicamente a Região Nordeste, com algumas áreas no estado de Minas Gerais.

A vegetação da Caatinga não apresenta a exuberância verde das florestas tropicais úmidas e o aspecto seco das fisionomias dominadas por cactos e arbustos sugere uma baixa diversificação da fauna e flora, mais se olharmos mais atento veremos que a Caatinga revela sua grande biodiversidade, sua relevância biológica e sua beleza peculiar.

Merece destaque a multiplicidade de comunidades vegetais, formadas por uma gama de combinações entre tipos edáficos e variações microclimáticas. São inúmeras e de grande interesse a variedade de estratégias para sobreviverem aos períodos de carência de chuvas que as espécies apresentam. Muitas plantas perdem suas folhas para reduzir a perda de água nos períodos de estresse hídrico, renovando-as quando as chuvas chegam de uma forma tão rápida e espetacular que a paisagem muda quase que da noite para o dia; diversas ervas apresentam ciclos de vida anuais, crescendo e florescendo no período das águas; os cactos e bromélias acumulam água em seus tecidos e há uma predominância de arbustos e arvoretas na paisagem. Além disso, existe na Caatinga uma proporção expressiva de plantas endêmicas. Diversas destas plantas são comumente utilizadas pela população por suas propriedades terapêuticas.
Dentre a fauna, os répteis e anfíbios merecem destaque. São conhecidas para a região semi-árida 97 espécies de répteis e 45 de anfíbios. No que se refere às aves, existem espécies endêmicas e a riqueza de uma mesma localidade pode ultrapassar 200 espécies. Poucos são os mamíferos endêmicos da Caatinga, mas nesta região muito ainda está para se descobrir.

Contrastando com a relevância biológica da Caatinga, o bioma pode ser considerado um dos mais ameaçados do Brasil. Grande parte de sua superfície já foi bastante modificada pela utilização e ocupação humana e ainda muitos estados são carentes de medidas mais efetivas de conservação da diversidade, como a criação de unidades de conservação de proteção integral. Hoje em dia já ó muito difícil encontrar remanescentes da vegetação nativa maiores que 10 mil hectares e os mais expressivos estão nos estados da Bahia e Piauí.

2. Bioma Caatinga
2.1. Informações gerais

O bioma Caatinga localiza-se na região do semi-árido ocupando uma área de 734.478km2, abrangendo 09 (nove) estados nordestinos (Piauí, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia), além da região norte do estado de Minas Gerais. Esta região abrange 70% da área do Nordeste e 13% do Brasil, com 63% da população nordestina e 18% da população brasileira (Figura 1).

50% das terras recobertas com a caatinga são de origem sedimentar, ricas em águas subterrâneas. Os rios, em sua maioria, são intermitentes e os volume de água, em geral, é limitado, sendo insuficiente para a irrigação. A altitude da região varia de 0-600m. A temperatura varia de 24 a 28oC, e a precipitação média de 250 a 1000mm e déficit hídrico elevado durante todo o ano.

A vegetação de caatinga é constituída, especialmente, de espécies lenhosas e herbáceas, de pequeno porte, geralmente dotadas de espinhos, sendo, geralmente, caducifólias, perdendo suas folhas no início da estação seca, e de cactáceas e bromeliáceas. Fitossociologicamente, a densidade, freqüência e dominância das espécies são determinadas pelas variações topográficas, tipo de solo e pluviosidade. Estima-se que pelo menos 932 espécies já foram registradas para a região, das quais 380 são endêmicas. A catingueira, as juremas e os marmeleiros são as plantas mais abundantes na maioria dos trabalhos de levantamento realizados em área de caatinga.

Não existe uma lista completa para as espécies da caatinga, encontradas nas suas mais diferentes situações edafoclimáticos (agreste, sertão, cariri, seridó, carrasco, entre outros). Em trabalhos qualitativos e quantitativos sobre a flora e vegetação da caatinga, foram registradas cerca de 596 espécies arbóreas e arbustivas, sendo 180 endêmicas. Possivelmente, o número de espécies da caatinga tende a aumentar se considerarmos as herbáceas. As famílias mais frequentes são Caesalpinaceae, Mimosaceae, Euphorbiaceae, Fabaceae e Cactaceae, sendo os gêneros Senna, Mimosa e Pithecellobium os com maior números de espécies. A catingueira (Caesalpinia pyramidalis Tul.), as juremas (Mimosa spp.) e os marmeleiros (Croton spp.) são as plantas mais abundantes na maioria dos trabalhos de levantamento realizados em área de caatinga.

De modo geral, a biota da região da caatinga tem sido geralmente descrita na literatura como pobre, abrigando poucas espécies endêmicas e, portanto, de baixa prioridade para conservação. Estudos recentes mostram que isto está longe de ser verdade (Andrade-Lima 1982, Rodal 1992, Sampaio 1995, Garda 1996, Silva & Oren 1997). A região possui sim um considerável número de espécies endêmicas. Além disso, várias espécies novas de animais e de plantas endêmicas têm sido descritas recentemente para região, indicando um conhecimento zoológico e botânico bastante precário. Por exemplo, um estudo sobre o esforço amostral das coletas de um grupo de anfíbios identificou a Caatinga como uma das regiões menos conhecida em toda a América do Sul, com extensas áreas não possuindo uma única informação (Heyer 1988).

Destaca-se a fauna de vertebrados da caatinga com 148 espécies de mamíferos registrados, das quais 10 são endêmicas e 10 estão ameaçadas de extinção. Podemos encontrar um pouco mais de 348 espécies de aves, das quais 15 são endêmicas e 20 ameaçadas de extinção. Em relação aos répteis e anfíbios, 154 espécies foram registradas, das quais 15% são endêmicas. Ainda são registrados 185 tipos de peixes, onde 57,3% são de espécies endêmicas.
O Nordeste do Brasil, onde está inserida a Caatinga, tem a maior concentração de população pobre do Brasil. A situação social é extremamente complexa, com a maioria da população rural dedicada ao extrativismo, culturas de subsistência e pecuária.

Atualmente, parte da região, está se dedicando à irrigação, especialmente o Vale do São Francisco, onde os solos e as condições climáticas são altamente favoráveis a essa pratica. Dentre os produtos voltados para exportação, destacam-se uva, melão, manga e outras frutas.

É considerado um bioma extremamente frágil. Estima-se que nos últimos 15 (quinze) anos 40.000km (40.000.000ha) de caatinga se transformaram em deserto devido à interferência do homem na região. Ainda, estima-se que anualmente 100.000ha são devastados.

2.2. Características sócio econômicas
A base da economia da região Nordeste é a agropecuária, de sequeiro e irrigada, em certas áreas. Nas áreas de sequeiro, os riscos de colheita são grandes e aumentam nos períodos de seca. Nas áreas irrigáveis, há o risco de salinização, embora sejam crescentes a produção de olerícolas e a fruticultura de manga, uva, banana e coco entre outras.

Hoje, a utilização da caatinga ainda se fundamenta em processos meramente extrativistas para obtenção de produtos de origens pastoril, agrícola e madeireiro. No caso da exploração pecuária, o superpastoreio de ovinos, caprinos, bovinos e outros herbívoros tem modificado a composição florística do estrato herbáceo, quer pela época quer pela pressão de pastejo. A exploração agrícola, com práticas de agricultura itinerante que constam do desmatamento e da queimada desordenados, tem modificado tanto o estrato herbáceo como o arbustivo-arbóreo. E, por último, a exploração madeireira que já tem causado mais danos à vegetação lenhosa da caatinga do que a própria agricultura migratória.

As conseqüências desse modelo extrativista predatório se fazem sentir principalmente nos recursos naturais renováveis da caatinga. Assim, já se observam perdas irrecuperáveis da diversidade florística e faunística, aceleração do processo de erosão e declínio da fertilidade do solo e da qualidade da água pela sedimentação. No que tange à vegetação, pode-se afirmar que acima de 80% da caatinga são sucessionais, cerca de 40% são mantidos em estado pioneiro de sucessão secundária e a desertificação já se faz presente em, aproximadamente, 15% da área. Diante do exposto, algumas estratégias para o uso sustentável da caatinga vêm sendo utilizadas, embora, haja a necessidade de se discutir novas propostas mais adequadas às condições regionais.

2.3. Demografia
A densidade demográfica total dos municípios da área da Caatinga é bastante baixa, de um modo geral. Excetuando-se os centros administrativos, a capital e sua periferia, nucleação comercial e de serviços, a 100 hab / Km2 e, nas áreas mais vazias, abaixo de 30 hab. / Km2. Apenas 15 municípios em toda a Caatinga apresentam densidade acima de 100 hab / Km2, a grande maioria se apresentando abaixo de 50 hab / Km2.

2.4. Agropecuária e Extrativismo
Em áreas com predomínio da população rural, as atividades agropecuárias e extrativistas apresentam grande destaque. Do ponto de vista da pressão antrópica são bem mais determinantes que atividades mais urbanas, como a indústria e os serviços.

2.5. Índice de Pressão Antrópica – IPA
O Índice de Pressão Antrópica – IPA engloba os indicadores de atividade agrícola (área cultivada), pecuária (lotação relativa), extrativismo (lenha) e a pressão populacional (densidade rural). O IPA surge bem mais elevado em áreas mais férteis, nas quais há maiores áreas agrícolas, áreas de pastagem e pecuária melhorada. Nessas áreas, o adensamento econômico, que possibilita igualmente a sustentação de uma maior população, resulta em um índice de pressão antrópica maior e uma potencial insustentabilidade futura, caso não sejam tomadas providências para a simultânea sustentabilidade econômica, social e ambiental, como preceituado pelas Nações Unidas (World Comission..., 1987; Melo, 1999).


2.6. Potencialidades
Em termos forrageiros, a caatinga mostra-se bastante rica e diversificada. Entre as diversas espécies, merecem ser destacadas: o angico (Anadenanthera macrocarpa Benth), o pau-ferro (Caesalpinia ferrea Mart. ex. Tul.), a catingueira (Caesalpinia pyramidalis Tul.), a catingueira rasteira (Caesalpinia microphylla Mart.), a canafistula (Senna spectabilis var. excelsa (Sharad) H.S.Irwine & Barnely, o marizeiro (Geoffraea spinosa Jacq.), o mororó (Bauhinia sp.), o sabiá (Mimosa caesalpinifolia Benth.), o rompe-gibão (Pithecelobium avaremotemo Mart.) e o juazeiro (Zizyphus joazeiro Mart.), entre as espécies arbóreas; a jurema preta (Mimosa tenuiflora (Willd.) Poiret), o engorda-magro (Desmodium sp), a marmelada de cavalo (Desmodium sp), o feijão bravo (Phaseolus firmulus Mart.), o mata-pasto (Senna sp) e as urinárias (Zornia sp), entre as espécies arbustivas e subarbustivas; e as mucunãs (Stylozobium sp) e as cunhãs (Centrosema sp), entre as lianas e rasteiras. A produção total de fitomassa da folhagem das espécies lenhosas e da parte aérea das herbáceas na caatinga atinge, em média, 4.000 kg/ha, constituindo-se em forragem para caprinos, ovinos, bovinos e muares. Destacam-se como frutíferas o umbu (Spondias tuberosa Arruda - Anacardiaceae), araticum (Annona glabra L., A. coriacea Mart., A. spinescens Mart. - Annonaceae), mangaba (Hancornia speciosa Gomez - Apocynaceae), jatobá (Hymenaea spp.- Caesalpinaceae), juazeiro (Ziziphus joazeiro Mart. - Rhamnaceae), murici (Byrsonima spp. - Malpighiaceae), e o Licuri, (Syagrus coronata (Mart.) Becc. - Arecaceae), que são exploradas de forma extrativista pela população local. Esta forma de exploração tem levado a uma rápida diminuição das populações naturais destas espécies vegetais, que estão ameaçadas de extinção.

Entre as diversas espécies da caatinga, várias plantas são notoriamente consideradas como medicamentosas de uso popular, sendo vendidas as folhas, cascas e raízes, em calçadas e ruas das principais cidades, bem como mercados e feiras livres. Entre elas, destaca se a aroeira (adstringente), araticum (antidiarréico), quatro-patacas (catártica), pau-ferro (antiasmática e anticéptica), catingueira (antidiarréica), velame e marmeleiro (antifebris), angico (adstringente), sabiá (peitoral), juazeiro (estomacal), jericó (diurético), entre outras. O pau d’arco foi uma das espécies que, na década de 1960, foi amplamente despojada de sua casca, a qual era tida como curativa de câncer. Esta prática levou a morte de vários exemplares desta espécie, uma vez que tal operação implica na remoção simultânea do tecido cambial.

Quanto à fauna, a caatinga é pobre em espécies e em número de animais por espécie. Os mamíferos são de pequeno porte, sendo os roedores os mais abundantes. As espécies encontradas em maior número na caatinga, são aquelas que apresentam comportamento migratório nas épocas de seca. Algumas espécies já constam como desaparecidas, ou em vias de extinção, como os felinos, os herbívoros de porte médio e outros em processo de extinção.

2.7. Estados integrantes do Bioma Caatinga
ESTADOS ÁREA (Km2)
Alagoas 16.349,66
Bahia 391.708,10
Ceará 145.399,42
Maranhão 34.131,70
Paraíba 44.972,99
Pernambuco 81.723,97
Piauí 125.323,09
Rio Grande do norte 48.733,20
Sergipe 14.920,34
Norte de Minas Gerais 50.338,81
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ramon
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MensagemAssunto: Re: Mediterrâneo e Chaparral/Caatinga   Mediterrâneo e Chaparral/Caatinga EmptyTer Abr 29, 2008 12:19 pm

3.1. Polígono das Secas
O Polígono das Secas é um território sujeito a períodos críticos de prolongadas estiagens, delimitado em 1936, através da Lei 175, e revisado em 1951.Trata-se de uma divisão, político-administrativa e não coincide com à zona semi-árida, pois apresenta diferentes zonas geográficas com distintos índices de aridez, indo desde áreas com características estritamente de seca, com paisagem típica de semi-deserto à áreas com balanço hídrico positivo. Situa-se, majoritariamente, na região Nordeste, porém estende-se até o norte de Minas Gerais. Incluem-se no Polígono das Secas oito Estados nordestinos, 270 municípios, 363.396,1 km2 e 5.892.081 habitantes.

3.2. O Semi-Árido
A região Semi-Árida corresponde a uma das seis grandes zonas climáticas do Brasil. Do ponto de vista climático, o Semi-Árido é formado pelo conjunto de áreas contíguas, caracterizadas pelo balanço hídrico negativo, resultante de precipitações médias anuais iguais ou inferiores a 800 mm, insolação média de 2800h/ano, temperaturas médias anuais de 23º a 27º C, evaporação de 2.000 mm/ano e umidade relativa do ar média em torno de 50%. Caracteriza-se essa região por forte insolação, temperaturas relativamente altas e pelo regime de chuvas marcado pela escassez, irregularidade e concentração das precipitações num curto período, de apenas três meses.

O semi-árido brasileiro está delimitado pela projeção das chuvas da chamada Zona de Convergência Intertropical, que abrange parte dos Estados da Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Maranhão e minas gerais. A Zona de Convergência Intertropical é um sistema formador de chuvas que provoca precipitações anuais raramente superiores a 600 mm, fenômeno que, em combinação com os elevados índices de insolação, faz da semi-aridez - e mesmo aridez, em alguns casos – o traço fisiográfico predominante na região.

Com relação ao quadro ecológico, caracteriza-se essa Região pelo domínio do ecossistema das caatingas. A vegetação é de porte árboreo e arbustivo, onde predominam espécies decíduas e espinhentas, com elevado grau de xerofilismo.

Os solos são arenosos ou areno-argilosos, pobres em matéria orgânica, muito embora,com regular teor de cálcio e potássio, predominando os tipos: bruno não-cálcico, podzólico vermelho-amarelo eutrófico, cambissolo-litólico, latossolo vermelho-amarelo distrófico, planossolo solódico, regossolo e solonetz. Os solos rasos e pedregosos da Região são derivados principalmente de rochas cristalinas, praticamente impermeáveis, nas quais as possibilidades de acumulação de água se restringem às zonas fraturadas.

Em conseqüência da escassez das precipitações pluviométricas e da reduzida capacidade de retenção de água no solo, o regime dos rios é temporário, com exceção do Rio São Francisco, pelo fato de ter suas cabeceiras fora da Região Semi-Árida.


A par das adversidades climáticas, ressalta-se a inexistência de uma política eficiente e continuada de gestão dos recursos hídricos da região. Esses aspectos têm contribuído sensivelmente para aumentar a vulnerabilidade do semi-árido brasileiro, com graves conseqüências para a população, trazendo prejuízos econômicos e sociais de incalculável monta.

3.3. O Fenômeno das Secas
O Nordeste brasileiro é uma região onde predomina o clima semi-árido caracterizado por uma grande variabilidade anual na precipitação. Historicamente a Região sempre foi afetada por grandes secas ou grandes cheias. Estudos indicam que o fenômeno das secas remonta há milhares de anos, antes mesmo da ocupação humana no Nordeste brasileiro. De acordo com dados da Coordenação de Defesa Civil da Sudene, a ocorrência de secas na Região se verifica desde antes da chegada dos europeus ao continente. Estatisticamente, acontecem de 18 a 20 anos de seca a cada 100 anos.

As secas podem ser classificadas em hidrológicas, agrícolas e efetivas. A hidrológica carateriza-se por uma pequena, mas bem distribuída precipitação. As chuvas são suficientes apenas para dar suporte à agricultura de subsistência e às pastagens.

A seca agrícola, também conhecida como seca verde, acontece quando há chuvas abundantes, mas mal distribuídas em termos de tempo e espaço. A seca efetiva ocorre quando há baixa precipitação e má distribuição de chuvas, tornando difícil à alimentação das populações e dos rebanhos e impossibilitando a manutenção dos reservatórios de água para consumo humano e animal. Este tipo de seca é comum no Nordeste, que enfrentou secas assim em 1983, após quatro anos consecutivos de estiagem que assolou a Região a partir de 1979.

As secas são influenciadas por diversos fatores, dentre os quais vale destacar: diferença de temperatura superficial das águas do Atlântico Norte, que são mais quentes, e do Sul, frias; deslocamento da Zona de convergência intertropical para o Hemisfério Norte, em épocas previstas para permanência no Sul; e o aparecimento do fenômeno conhecido como El Niño, caracterizado pelo aumento da temperatura no Oceano Pacífico Equatorial Leste. De acordo com o Centro de Previsão de Tempo de Estudos Climáticos - CPTEC do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a precipitação nessa Região é bastante sensível a extremos de temperatura da superfície do mar no Pacífico equatorial associados ao ENSO assim como as anomalias de temperatura da superfície do Atlântico, associadas ao dipolo de anomalias de temperatura da superfície do mar do Atlântico. A topografia acidentada do Nordeste e alta refletividade da crosta são os principais fatores locais inibidores da produção de chuvas.

4 - Conclusão
A vegetação do Bioma Caatinga é bastante diversificada por incluir, além das Caatingas, vários outros ambientes associados,somente de Caatinga são reconhecidas 12 tipologias diferentes, as quais despertam atenção especial pelos exemplos fascinantes de adaptação aos hábitats semi-áridos. Tal situação pode explicar, em parte, a grande diversidade de espécies vegetais, muitas das quais endêmicas no Bioma. Estima-se que pelo menos 932 espécies foram registradas na região, sendo 380 delas endêmicas. Encontra-se endemismos também em outros níveis taxonômicos,pois vinte gêneros de plantas são conhecidos apenas na Caatinga.

A heterogeneidade ambiental da Caatinga e a singularidade de certos ambientes permitem supor a possibilidade de a fauna de invertebrados desse Bioma ser riquíssima,com varias espécies endêmicas. Entretanto, o aspecto que mais se destaca na análise dos dados sobre os invertebrados habitantes da Caatinga é o conhecimento insuficiente que deles se tem. Essa conclusão foi fornecida por diagnósticos preliminares (cujas bases são os trabalhos publicados, os em andamento, os resultados de diagnósticos prévios e as informações pessoais de diversos pesquisadores) e confirmadas nas discussões entabuladas.

Em razão da semi-aridez dominante na região, e do predomínio de rios ‘temporários’ , era de esperar que a Biota aquática da Caatinga fosse pouco diversificada, com não muitas espécies endêmicas e com o predomínio de espécies generalistas amplamente distribuídas. Tal predisposição foi avaliada ao ser confrontada com informações sobre os peixes da região. Esses foram utilizados como componentes do grupo indicador da biota aquática, pois somente para eles há informação de qualidade. A hipótese de que a caatinga é pobre em espécies aquáticas foi rejeitadas. A partir das informações disponíveis foi possível obter dados referentes às 185 espécies de peixes do Bioma , as quais estão distribuídas em 100 gêneros. A maioria (57,3%) dessas é endêmica. Merece destaque, no entanto, o grande numero de espécies endêmicas de peixes anuais (família Rivuludae) encontradas somente ao longo do médio curso do Rio São Francisco.

São conhecidas, em localidade com feição características das caatingas semi-áridas, 44 espécies de lagartos, nove espécies de anfisbenideo, 47 de serpentes, 4 de quelônios, 3 de crocodilianos, 47 de anfíbios anuros e 2 de gimnofionos. Dessas, aproximadamente 15% são endêmicas e apenas uma considerada oficialmente ameaçada de extinção: o jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris).

Apesar de considerado o grupo animal, mais bem conhecido no que diz respeito à taxonomia , à distribuição geográfica e à historia natural, há ainda grandes lacunas sobre os dados relativos às aves da caatinga. Para indicar áreas prioritárias a serem conservadas foi analisada a distribuição das 384 espécies registradas no Bioma. Merecem atenção especial os táxons endêmicos e as espécies ameaçadas de extinção, pois essas são, de modo geral, as mais vulneráveis à atual expansão das atividades humanas no Bioma. Um conjunto de 15 espécies e de 45 subespécies foi identificado como endêmico. São 20 espécies ameaçadas de extinção, estando incluídas nesse conjunto 2 das espécies de aves mais ameaçadas do mundo: a ararinha-azul(Cyanopsitta spixii) e a arara-azul-de-lear (Anodorbyncbus leari).

Foi feito um levantamento das unidades de conservação – UCs da Área da caatinga, e das informações relativas aos principais problemas que hoje afetam essas unidades, assim como especulada a existência de propostas dos órgãos governamentais para a criação de outras UCs. Com base nesse diagnóstico, nas informações tornadas disponíveis pela organização do subprojeto e no conhecimento dos participantes recomendou-se: 1. valorizar o papel das UCs no contexto regional; 2. solucionar os principais problemas pertinentes à manutenção e ao manejo das UCs; e 3. alternar e criar unidades de conservação.
A fragilidade do ambiente e o nível de pressão antrópica foram os principais critérios em que se fundamentou a identificação das áreas prioritárias para a conservação concernente aos fatores físicos. A identificação baseou-se na forma de utilização agroecológica das áreas, em virtude de suas características marcantes quanto a recursos naturais e socioeconômicos. Como fontes para a tomada de decisão foram utilizados mapas de altitude, de geomorfologia, de solos, de clima (principalmente de distribuição das chuvas), de vegetação natural, e de recursos hídricos (tanto superficiais quanto sbsuperficiais). No tocante às fontes agrossocioeconômicas, as principais variáveis enfocadas foram: A densidade demográfica, a estrutura fundiária e os sistemas de produção / exploração usados pelas comunidades.

A fauna de mamíferos de caatinga tem sido geralmente reconhecida como depauperada, representativa de apenas um subconjunto da fauna de mamíferos do cerrado, bioma esse mais extenso e mais úmido. Essa proposição, no entanto, está longe de ser verdadeira. Com base nas referências bibliográficas contendo informações geográficas passíveis de mapeamento, e em informações provenientes de espécimes depositados em museus de história natural, foi possível relacionar pelo menos 148 espécies de mamíferos do bioma, das quais dez seriam endêmicas. Essa informação contrapõe-se àquela segundo a qual haveria oitenta espécie no bioma, com menção de um único caso de endemismo.
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